segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Seminario sobre Habitação Popular e suas formas de uso

TRABALHO DAS ALUNAS:
CAMILA CANEDO E FERNANDA CARVALHO


Trabalho realizado para a disciplina de topicos especiais sob orientação da professora Simone Villa, que tem o intuito de conhecer as realidades da população que residem em conjuntos habitacionais.

O histórico do modelo de Habitação Popular

A casa no seu sentido mais comum surge com o intuito de proteção dos fenômenos naturais e do ataque de terceiros, sendo assim classificada somente como habitação. Quando então são agregados os valores dos moradores à resistência é que surge o lar.
Ter um lar como propriedade é o desejo da maior parte da população, aqui o sentimento de posse, afetividade e identificação com a residência tornam-se um grande valor. Além de promover essa relação de indivíduo e grupo social. As casas populares vieram então promover esse sentimento e essa posse a classe que possui uma renda familiar baixa, que necessitam de uma ajuda para terem sua casa própria, surge às habitações populares.
A habitação popular começa a ser debatida aproximadamente no inicio do século XIX, na Europa, criada para atender a classe operária. No decorrer desse tempo a evolução das plantas destas residências foi pequena, já a compartimentação se fixou em um padrão. A partir de leis criadas pelos governos, as questões de saneamento e higiene tornaram-se mais aceitáveis. Na segunda metade do século XIX, o surgimento de vila operárias, uma iniciativa patronal trouxe uma nova concepção de moradia, porém não era de possível acesso de todos. Ainda nas cidades industriais os cortiços eram a forma mais comum de habitação.
No Brasil o desenvolvimento urbano-industrial ocorreu mais tarde. Quase ao final do século XIX que começamos a enfrentar as problemáticas enfrentadas pelas grandes metrópoles industriais européias. No Brasil as iniciativas pra enfrentar a carência da habitação popular tiveram seu primeiro obstáculo com o inchaço populacional, ligado a abolição da escravatura e a proclamação da República; enfrentou-se aqui a falta de habitação pra a maior parte dos migrantes e a falta de saneamento básico. Uma das formas de suprir essa carência foi a construção de cortiços, o empreendimento particular, a criação de vilas operárias maiores.
Em 1946 foi criada a Fundação da Casa Popular, com a função de solucionar esse problema de falta de habitação, criando unidades habitacionais. Com o fim do Banco Nacional da Habitação (criado em 1964) que tinha este mesmo intuito, porem não obteve sucesso, pois era necessária uma renda mínima para ter acesso ao financiamento do BNH.
A autoconstrução assistida é alternativa mais acessível, com a assessoria técnica necessária, o governo fornece a planta da casa e os materiais aos futuros proprietários e esses são responsáveis pela construção da casa, com ajuda da comunidade. Uma característica desse tipo de habitação é o estilo de relação entre zona de serviço e de estar, normalmente conjugadas.
Para um maior conhecimento destas habitações uma visita técnica ao bairro Campo Alegre, onde esses conjuntos habitacionais são encontrados, foi realizada na data 16 de agosto de 2010. Onde duas residências da cidade de Ubelândia, abriram suas portas para o estudo e análise comportamental dos moradores.
Um questionário é aplicado a algum responsável da casa onde serão perguntadas questões de adequação funcional e o comportamento dos moradores com o espaço, uma análise geral de uso.

Residência 1 (caso 1)

Na primeira residência a Senhora que nos atendeu mora com seu esposo e três filhos, há cinco anos. Na casa uma reforma foi necessária na área da lavanderia, onde o sol se fazia presente, uma adequação ao modo de vida dos moradores na questão térmica foi necessária. Os moveis vindos da antiga casa se adequaram parcialmente ao espaço, e se fazem presente até hoje na casa. Porém estes causam uma certeza dificuldade de mobilidade dos moradores em determinados cômodos. Porém a adaptação dos moradores se deu de forma agradável, porém a privacidade é um grande problema na vida desta família, onde no quarto principal dormem a Mulher, o Marido e sua filha mais nova. E é na cozinha que ela necessita de tranqüilidade, que não é obtida por se conjugada com a sala.
É na sala que a família costuma se reunir, e onde a moradora mais permanece, assim como no quintal. É na sala também que são realizadas as refeições. Nesta residencia não é realizada nenhuma tarefa para aquisição de renda extra.
O mobiliário não agrada a moradora, uma reforma dá-se necessária, porém a falta de dinheiro esta presente na família. A casa não agrada a dona na questão material, mas espiritualmente ela se sente satisfeita, segundo a moradora  “só de saber que é minha, é uma grande felicidade”.
Figura 1: Planta da situação atual da residência 1
Figura 2: Sala
Figura 3: Sala, exemplificação da falta de espaço dos ambientes, os sofás chegam a se encontrar.
Figura 4: Sala, sem espaço, chão sem revestimentos.
Figura 5: Sala, lembranças afetivas das habitações.
Figura 6:  Sala, mostra que não há forro, podendo gera desconforto em épocas de chuva e poeira.

Figura 7: Cozinha integrada com a sala.
Figura 8: Cozinha, há um espaço pequeno para estocagem.
Figura 9: Cozinha, a falta de revestimento sobre a pia para evitar infiltração foi resolvida de forma precaria com uso de retálho de ajulezo.
Figura 10: Cozinha, falta de revestimentos nas paredes.
Figura 11: Cozinha, mal armazenagem por falta de espaço.
Figura 12: Quarto 1, dos dois filhos homens da casa.
Figura 13: Quarto 1, computador para uso dos filhos.
Figura 14: Quarto 1,tv, video game e sapatos indevidamente condicionados.
Figura 15: Quarto 2, cama da filha mais nova que dorme com o casal.
Figura 16: Quarto 2, cama do casal.
Figura 17: Quarto 2, fata de espaços para armazenagem de objetos e mobiliario frágil.
Figura 18: Banheiro, com revestimentos que induzem a uma maior concervação do ambiente.
Figura 19: Banheiro, sem espaço para acomodação de utilitários.
Figura 20: Área de serviço, a única modificação da habitação, área coberta para melhor utilização e conforto do espaço.
Figura 21: Área de serviço, se transformando em um espaço de estocagem de objetos.
Figura 22: Área externa (frente) onde o esposo quarda os objetos de trabalho.
Figura 23: Área externa (corredor), fechada para a isolar a área do fundo.
Figura 24: Área externa (Fundo), varal e objetos de pouca utilização.
Figura 25: Área externa (fundo), onde fica o cachorro e alguns objetos com pouca utilização.


Residência 2 (caso 2)

Na segunda casa visita  a Senhora que abriu as portas de sua casa e nos recebeu com muita simpatia, e compartilhou de seus sentimentos para com seu lar. Aqui ela mora com seus três filhos, há cinco anos. Nenhuma reforma foi feita pela moradora. Ela sente extremamente feliz com sua casa, porém o espaço é necessário, o que não é obtido, quando no quarto principal ela dorme com suas duas filhas, enquanto o seu filho de 20 anos fica com o segundo quarto.
Os móveis da casa antiga foram trazidos da residência anterior e se adequaram ao espaço, não de forma confortável, porém se fazem presente. É na sala que o convívio familiar é realizado, assim como as refeições. Para a dona da casa o mobiliário é ótimo e atende a todas as necessidades da família, perfeitamente.
Figura 26: Planta da situação atual da residência 2
Figura 27: Sala com pouco espaço e integrada com a cozinha porem os moveis da cozinha se ocuparam da separação.
Figura 28: Sala, lembranças afetivas com a moradia.
Figura 29: Sala, residencia tambem sem forro causando desconforto em épocas de chuva e poeira.
Figura 30: Sala, comporta com muito pouco espaço uma mesa de jantar que fica praticamente encostada na parede.
Figura 31: sala, geladeira e amário: modo de divisao do ambiente.
Figura 32: Cozinha, com grande acomodação de objetos utilizando ate a geladeira como apoio.
Figura 33: Cozinha, dificuldade para abrir a geladeira e como a area de serviço nao é coberta o tanquinho é acomodado na cozinha.
Figura 34: Cozinha, tanquinho ao lado do fogão.
Figura 35: Cozinha, panelas acomodadas em cima do fogão pra aproveitar outros espaços do armario para estocagem.
Figura 36: Cozinha revestimento sob a pia e mudança no local da pia.
Figura 37: Cozinha bancada confecciona depois e uso da parte debaixo da pia para armazenagem.
Figura 38: Quarto1, a porta não abre totalmente porque encontra com a cama.

Figura 39: Quarto 1, armazenagem acima do móvel pela falta de espaço.
Figura 40: Quarto 1, falta de espaço para armazenar objetos.
Figura 41: Quarto 1, móvel deteriorado provavelmente por nao comportar o excesso de objetos quardados.
Figura 42: Quarto 2, sofá no quarto e a falta de espaço para circulação entre os móveis.

Figura 43: Quarto 2, colchão acomodado atrás da cama exemplificando a falta de espaços.

Figura 44: Quarto 2, armário de arquivos que funciona com armazenagem de objetos do quarto.
Figura 45: Quarto 2, falta de local para quardar roupas no quarto onde dorme a mae e as duas filhas.
Figura 46: Banheiro, sem armários ou suportes.
Figura 47: Banheiro, sem revestimento.
Figura 48: Banheiro, pagagaio no banheiro para nao pegar sol na área externa que é descoberta.

Figura 49: Área de serviço, descoberta que gera desconforto e estoca materiais de construção.
Figura 50: Área externa (frente), com vegetação que ambienta a frente da casa.
Figura 51: Área externa (corredor) que leva aos fundos do terreno.
Figura 52: Área externa (fundo) com plantas.
Figura 53: Área externa (fundo) com estocagem de materiais para construção.





Uma análise crítica

E no final

O projeto de um mobiliário que se adéqüe as essas casas populares, com suas dimensões básicas, é necessário. Um projeto funcional e obviamente ergonômico.
A visita abriu nossas cabeças para o que se faz necessário e qual a importância que se têm na vida desses moradores. Quando a problemática é vista de perto há uma maior compreensão e torna a analise e então as soluções para um projeto se dão de uma forma mais clara, juntamente. A partir disso, podemos levar em conta detalhes que se tranformam um desafio para habitantes e profissionais que tentam otimizar o espaço atendendo quesitos ergonômicos.